Liliana Teixeira Lopes

O festival Olhares do Mediterrâneo, dedicado ao cinema feito por mulheres, regressa a Lisboa na próxima terça-feira, 28 de outubro, com 63 filmes, de 29 países da Bacia Mediterrânica, determinado a “Semear Resistências, Cultivar Utopias”, anunciou a associação que o promove.

“Guardadoras de Histórias, Guardiãs da Palavra”, de Raquel Freire, em que escritoras de países do universo afro-luso-brasileiro “falam de criação, memórias, periferias, resistências literárias e culturais”, e “The Brink of Dreams”, da dupla egípcia Nada Riyadh e Ayman El Amir, melhor documentário no Festival de Cannes de 2024, estão entre as propostas.

Com duração de dez dias, mais dois do que no ano passado, a 12ª edição do Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival inclui 33 estreias nacionais, quatro mundiais, três europeias e uma internacional, num total de 41 filmes inéditos em Portugal, numa programação global que abrange documentário, ficção, cinema de animação e experimental, “para dar voz e visibilidade às histórias contadas por mulheres”, oriundas de países do Sul da Europa, Norte de África e Médio Oriente, em redor do Mediterrâneo.

O Museu do Aljube acolhe a primeira sessão, com o documentário “Mulheres, Terra, Revolução”, e o debate que suscita, a 28 de outubro, mas a sessão oficial de abertura realiza-se dois dias depois no Cinema São Jorge, com o filme “Where the Wind Comes From”, longa-metragem de estreia de Amel Guellaty, que esteve nos festivais de Sundance e de Roterdão.

O filme, uma viagem através da Tunísia, “em busca de liberdade”, cujo título também é um verso de um poema de A.A. Milne, criador de Winnie-the-Pooh, resulta da vontade da realizadora de falar de “uma juventude atormentada pela falta de emprego, infraestruturas e cultura, que vê a emigração como única solução”.

Na Cinemateca Portuguesa, de 3 a 6 de novembro, são exibidos quatro filmes de duas cineastas – a bósnia Jasmila Zbanic e a sérvia Mirjana Karanovic -, centrados na violência, nos genocídios da Guerra Civil Jugoslava (1991-2001), e nos rastos que deixou na vida das pessoas.

No encerramento das secções competitivas, será projetado “O Homem de Argila”, da realizadora francesa Anaïs Tellenne, selecionado para o Festival de Veneza, eleito Melhor Filme de 2024 pela União dos Críticos de Cinema Franceses.

A programação do Olhares do Mediterrâneo inclui ainda “sessões para famílias”, com filmes para o público mais novo, debates após as projeções e ‘workshops’.

O festival decorre até 6 de novembro, em seis locais de Lisboa: Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa, Museu do Aljube, Casa do Comum, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa e Goethe-Institut.

https://www.olharesdomediterraneo.org/programacao-om2025/