A epidemia de Covid-19, causada por um novo coronavírus, fez disparar as vendas ‘online’ dos romances “A peste”, de Albert Camus, e “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago, em Itália, o país europeu mais afetado.

Em tempos de medo do novo coronavírus detetado em dezembro, na China, vários eventos e equipamentos culturais foram já cancelados, para evitar a propagação, mas, em contrapartida, a procura por livros, filmes, séries ou jogos que abordem o tema das pandemias, tem vindo a aumentar desde o início do ano.

Os últimos indicadores dão conta de um aumento das vendas de livros como “A Peste” (de 1947), da autoria do escritor franco-argelino Albert Camus, Prémio Nobel da Literatura e cujo 60º aniversário da morte se assinala este ano, que fala de uma epidemia de peste, nos anos 1940, que rapidamente toma conta de toda a cidade de Orão, na Argélia.

Sujeita a quarentena, esta cidade torna-se um território irrespirável e os seus habitantes são conduzidos até estados de sofrimento, de loucura, mas também de compaixão.

No mês passado, em Itália – o país europeu mais afetado, mais de 50 mil pessoas ficaram de quarentena devido ao surto de Covid-19.

Neste país, o livro de Camus subiu para o terceiro lugar do top de vendas do portal ibs, quando há um mês estava em 71º lugar, noticia o jornal italiano “La Repubblica”, adiantado que também a plataforma Amazon registou esta semana uma subida do livro no ‘ranking’ da categoria de clássicos, tendo triplicado as vendas.

Também o “Ensaio sobre a cegueira” (1995), de José Saramago, escritor que ganhou o Nobel da Literatura três anos depois, se tornou um fenómeno literário em Itália, tendo chegado ao top-10 do ibs e ao 5º lugar da Amazon, com um aumento de 180% nas vendas.

A história fala de uma epidemia de cegueira branca, que começa com um homem a cegar inexplicavelmente, quando se encontra dentro do carro no meio do trânsito, e que se alastra como um rastilho de pólvora, até à cegueira coletiva.

O documentário da Netflix “Pandemia”, que apresenta os heróis de uma batalha contra a gripe e o seu trabalho para impedir um surto em todo o mundo, que não é causado pelo coronavírus, mas mostra que o sistema mundial de saúde não está preparado para enfrentar uma crise global de saúde, também se tornou um assunto central no Twitter.

Fonte: Lusa

Liliana Teixeira Lopes