A editora portuguesa comemora a data na próxima semana.

A editora portuguesa Clean Feed está a cumprir vinte anos, de pesquisa sobre novos caminhos do jazz e da música improvisada, e prepara vários lançamentos que espelham uma nova realidade, a da criação artística em confinamento.

Em entrevista à agência Lusa a propósito dos vinte anos, que se assinalam na próxima terça-feira, dia 16 de Março, Pedro Costa, editor e um dos fundadores da Clean Feed, recorda um projeto editorial que é hoje exponencialmente maior do que em 2001, com um catálogo que tem alcance global e está atento ao que se faz em Portugal.

Em duas décadas, inauguradas com o álbum ao vivo “The Implicate Order At Seixal”, com músicos portugueses e norte-americanos, a Clean Feed foi várias vezes considerada, pela crítica especializada, uma das melhores editoras de jazz do mundo.

Chega a consumidores de várias latitudes, em particular nos Estados Unidos, já organizou concertos em vários território estrangeiros e chegou a ter uma loja física em Lisboa, mas atualmente expande-se através da Internet, aproveitando os recursos digitais, incluindo o streaming.

A Clean Feed, que foi casa de músicos como Bernardo Sassetti, Evan Parker, Charles Gayle ou Ken Vandermark, prepara para este anos três novos momentos editoriais com vários lançamentos, em particular de música portuguesa.

Entre eles estão novos álbuns do guitarrista Afonso Pais, do baterista João Lencastre, da trompetista Susana Santos Silva e do contrabaixista Carlos Bica.

Na primavera sairá já novo registo do quarteto do violinista francês Dominique Pifarély ou do projeto Hearth, que junta Mette Rasmussen, Kaja Draksler, Ada Rave e Susana Santos Silva, gravado no Portalegre JazzFest 2019.

No entanto, Pedro Costa sublinha a presença, entre as novidades, de dois percussionistas, “pessoal que aproveitou bem” o tempo de confinamento por causa da pandemia da covid-19: Pedro Carneiro, “que tem estado a gravar desalmadamente e a fazer uns projetos super interessantes”, e Pedro Melo Alves, “fechado num estúdio no Porto”.

De ambos sairão vários discos este ano, inclusive um com o outro, disse Pedro Costa.

Em vinte anos, o editor coloca sempre na balança aquilo que quer descobrir, promovendo encontros entre músicos que depois resultam em disco, e o que tem de ouvir, escolhendo entre as dezenas de propostas que recebem.

Olhando para o que se faz atualmente na música improvisada e no jazz, Pedro Costa considera que “o fruto do tempo é a variedade”.

Atualmente, a Clean Feed continua a laborar, ainda que com trabalhadores em ‘lay-off’, mas a pandemia teve impacto na faturação, até porque muitos discos vendiam-se no final de concertos dos respetivos músicos. Pedro Costa fala em resiliência e um objetivo no horizonte: Ter um espaço de programação, um clube, uma sala.

https://cleanfeed-records.com/

Fonte: Lusa

Liliana Teixeira Lopes