O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura depois de ter surgido um apelo por parte de algumas individualidades.

O Ministério da Cultura vai abrir um processo de classificação para proteger o arquivo com mais de 150 anos do Diário de Notícias, disse uma fonte do gabinete da ministra da Cultura, Graça Fonseca, em declarações à agência Lusa sobre um apelo público para a classificação urgente do arquivo como património protegido. Entre os subscritores do documento estão os antigos presidentes da República António Ramalho Eanes e Jorge Sampaio.

O arquivo do Diário de Notícias consiste em “450 metros de prateleiras, mais de 11 mil coleções de jornais e revistas de todo o mundo, quase 35 mil livros”.

De acordo com este documento, o arquivo está atualmente “arrumado num armazém, inutilizável e em risco de poder vir a desaparecer no contexto da crise que atravessa a empresa proprietária, o grupo Global Media”.

Os subscritores argumentam que “o seu valor histórico e documental é absolutamente ímpar no panorama arquivístico nacional”, correspondendo a mais de 150 anos de publicações em três séculos diferentes, “uma memória única e valiosa” dos períodos “da monarquia, da República, da ditadura e da democracia em Portugal” e “da revolução industrial, das guerras, do fascismo, do comunismo, da União Europeia”.

E assinalam: “Pela primeira página do Diário de Notícias passaram as histórias que contam a história do mundo e do país: o fim da guerra civil dos Estados Unidos da América, o assassinato de Lincoln, a invenção da dinamite por Alfred Nobel, a Comuna de Paris, os primeiros jogos de futebol, a guerra dos Boers, a erupção do Krakatoa, a vacina de Pasteur, a torre Eiffel, a invenção do gramofone, do cabo submarino, do raio-x, da impressão digital e do cinema, a reinvenção dos Jogos Olímpicos, a guerra dos Boxers na China, Zapata, Lenine, as trincheiras da Primeira Guerra, Versalhes, Ataturk, a penicilina, a Coca-Cola, a pastilha elástica, Gandhi, a Grande Depressão”.

O arquivo do Diário de Notícias inclui “as cerca de 55 mil edições” do jornal e “um milhão de fotografias, 3,5 milhões de negativos fotográficos, 50 mil chapas de vidro, zincogravuras e provas de contacto, 10 mil desenhos originais (entre os mais de 70 ilustradores do jornal estiveram Rafael e Columbano Bordalo Pinheiro, Stuart Carvalhais, Almada Negreiros, D. Carlos e D. Amélia)”, detalham os subscritores deste documento.

Entre os artigos publicados no jornal, são destacados uma crónica do escritor francês Victor Hugo a elogiar a abolição da pena de morte em Portugal, a reportagem de Eça de Queiroz sobre a inauguração do Canal do Suez e as entrevistas de António Ferro a Mussolini e Adolf Hitler.

Fonte: Lusa

Liliana Teixeira Lopes