Destaque de Tiago Santos

Hoje viajamos a bordo da música da África lusófona, para percorrer a história e celebrar o continente sem sair de Lisboa.

Se hoje são muitos os reflexos da riqueza que essa música e essas culturas têm trazido à capital e à própria cultura de Lisboa — seja na música urbana seja nas mais diversas expressões artísticas — continuam ainda a sentir-se as marcas da incompreensão e da ignorância, que preservam na nossa sociedade preconceitos raciais que não merecem outro lugar que não o caixote do lixo da história.

E para mais uma lição que se dança, contamos com os Heróis no Ar Bandé-Gamboa, um super grupo que transforma em musica o sonho de Amílcar Cabral — um dos libertadores da África lusófona e herói da independência de Cabo Verde e da Guiné para quem esses dois países sempre deveriam caminhar juntos.

O álbum de estreia de Bandé-Gamboa junta dois grupos de músicos caboverdianos e guineenses residentes em Lisboa para nos transportar ao calor dos bailes africanos através dos ritmos do gumbé, ritmo tradicional da Guiné e do funaná de Cabo Verde.

Uma explosão de música, ritmo e historia, que se ouve e se dança sem perder a perspectiva de nos levar pela mão até ao futuro, numa abordagem refrescante capaz de reinventar a memória da musica popular. Francisco “Fininho” Sousa, antigo membro do colectivo Celeste Mariposa e criador do projecto, conta aqui com a ajuda preciosa do DJ e produtor Guts e com a direcção musical de Juvenal Cabral dos Tabanka Djaz da parte musical da Guiné e de Lúcio Vieira do grupo de Cabo Verde. O resultado é um dos grandes discos do ano para descobrir hoje no Heróis no Ar com este “Mulato Ferreira”.