Destaque de Tiago Santos

Acabado de editar com o selo da Príncipe Discos, editora prestes a celebrar 13 anos de visões underground de uma Lisboa suburbana que se espalham pelo mundo e se agarram nas mentes mais àvidas daquilo a que soa o agora, o álbum Despertar do trio Blacksea Não Maya é um murro no estômago em mais do que um sentido , incluido o literal.

A sonoridade negra e gótica, apresentada no álbum de estreia de 2020 “Máquina de Vénus” em beats imersivos de uma realidade ampliada em graves e sincopas afro, continua a servir de inspiração num álbum que absorve fontes diversas reconhecidas como o kuduro, o tarraxo, a EDM, ou até o rock.

É pesado como todo o trabalho artístico, na sua descoberta pessoal do “som da frente” e na sua resistência contra a subjugação às audiências e os fantasmas da popularidade imediata.

Respeitados num meio restrito, Despertar também é um murro no estômago, porque os Blacksea Não Maya afirmam assim a sua despedida e enterram o machado de guerra, vencidos pelo meio onde as tendências e modas da pista de dança afastam qualquer anseio de individualidade artística. Mas não o fazem sem estrondo, porque como diz a sua apresentação trata-se de Alta arte com Baixos fortes.