O filme de Maria Mire é inspirado na antifascista Margarida Tengarrinha.

Liliana Teixeira Lopes

O filme “Clandestina”, de Maria Mire e que parte das memórias da resistente antifascista Margarida Tengarrinha, estreia-se nos cinemas a 7 de março, revelou a produtora Terratreme.

O filme, que teve uma primeira exibição no outono passado no festival DocLisboa, aborda questões sobre dissidência política e clandestinidade a partir do livro “Memórias de uma falsificadora – A luta na clandestinidade pela Liberdade em Portugal”, de Margarida Tengarrinha.

Para Maria Mire, o interesse em fazer “Clandestina” “prende-se assim tanto com a urgência de tirar da sombra a ação das mulheres que de modo revolucionário combateram neste período negro da história contemporânea portuguesa, assim como o de pensar na dimensão política presente nos pequenos gestos da vida quotidiana”, refere a nota de imprensa.

Margarida Tengarrinha, resistente antifascista e antiga deputada, morreu em outubro passado aos 95 anos.

Foi membro da direção Universitária do MUD Juvenil, aderiu ao PCP com 24 anos, em 1952, e passou à clandestinidade em finais de 1954.

Quando Tengarrinha morreu, o PCP lembrou que uma das suas primeiras tarefas no partido foi a produção de documentos, incluindo de identificação, à intervenção clandestina.

“Clandestina” é a primeira longa-metragem da realizadora Maria Mire, a que se junta a curta-metragem “Parto sem dor” (2020), de homenagem à obstetra e resistente antifascista Cesina Bermudes (1908-2001), e a produção de “Alcindo”, filme do antropólogo Miguel Dores racismo em Portugal, a partir da história do homicídio de Alcindo Monteiro, português de origem cabo-verdiana, vítima de ódio racial em 1995.