O documentário sobre a atuação de Aretha Franklin, que levou 46 anos a ser lançado, chega agora ao mercado nacional.

Liliana Teixeira Lopes

Em 1972, Sydney Pollack filmou as gravações do álbum “Amazing Grace”, de Aretha Franklin. O filme com o mesmo título só ficou concluído em 2018 graças à ação do produtor e compositor Alan Elliott.

Assim, para a história, Amazing Grace ficará como um filme que demorou 46 anos a concluir (chegando agora ao mercado português, em DVD).

“Amazing Grace” é precisamente, uma celebração da música gospel cujo registo ocorreu numa igreja de Los Angeles, sob a égide do reverendo, compositor e cantor James Cleveland, com a participação do grupo coral (Southern California Community Choir) por ele fundado.

Na altura, o projeto ficou bloqueado por uma razão eminentemente técnica.

Sidney Pollack e Alan Elliott

Talvez para evitar qualquer perturbação da performance, Pollack decidiu filmar com as suas quatro câmaras de 16 mm sem recorrer às clássicas claquetes que sinalizam o começo (ou o fim) de cada fragmento de película registado em continuidade. Como consequência prática: não foi possível fazer a sincronização de imagens e sons, ficando o material “esquecido” nos cofres da Warner Bros.

De tal modo que a possibilidade de concluir o filme só voltou a ser encarada quando, em 2007 (cerca de um ano antes da morte de Pollack), esse material foi adquirido pelo produtor e compositor Alan Elliott. Nessa altura, as dificuldades originais já estavam superadas. A questão que se punha agora era: como contar a história, que estrutura estabelecer, como criar um fluxo narrativo.

A performance musical é, aqui, indissociável de uma vivência eminentemente religiosa. Através da música, vivia-se uma conjuntura em que o cinema desempenhava também um fundamental papel de divulgação e envolvimento.

Para Alan Elliott, que agora co-assina o filme com Sidney Pollack, a questão de saber se as gerações mais jovens mantêm, ou não, uma relação especial com o legado de Aretha Franklin não se coloca.

Verdadeiro ícone da cultura mundial, Aretha Franklin, a “Rainha da Soul”, foi uma das mais bem-sucedidas artistas musicais de todos os tempos, com mais de 75 milhões de discos vendidos em todo o mundo ao longo de mais de seis décadas.

A artista foi ainda reconhecida internacionalmente como “a voz dos movimentos dos direitos civis, a voz da América negra”.