Entre as novidades estão filmes sobre um período da vida de Cardoso Pires, uma amizade mal interpretada e uma família disfuncional.

Liliana Teixeira Lopes

Depois de Virgílio Ferreira e a obra “Aparição”, o realizador Fernando Vendrell voltou a olhar para escritores portugueses e fez o filme “Sombras Brancas”, sobre José Cardoso Pires e a experiência limite da perda de memória.

“Sombras Brancas” é uma das novidades nas salas de cinema e é uma adaptação do livro “De profundis, valsa lenta” (1997), na qual José Cardoso Pires relata a experiência vivida com o acidente vascular cerebral em 1995, aos 71 anos.

“Sombras Brancas” não tem pretensões de ‘biopic’ ou “de conta a história da vida” de Cardoso Pires, que morreu em 1998.

De acordo com o realizador, tem, sim, “um interesse poético em definir a vida do escritor através dessa aventura. Mesmo não sendo canonicamente uma adaptação do ‘De Profundis, Valsa Lenta’, ele versa todo o período ‘de profundis’ que o escritor viveu”.

Na longa-metragem, a figura de José Cardoso Pires é interpretada pelos atores Rafael Gomes e Rui Morison, em diferentes idades, que contracenam com Ana Lopes e Natália Luíza, no papel de Edite, a mulher do romancista.

Outra das estreias é “Close”, um drama assinado por Lukas Dhont.

Esta é a história de Léo e Rémi, dois rapazes de 13 anos, que são muito próximos, e que passam as férias de Verão juntos, numa intimidade inocente, própria da idade.

No entanto, quando o ano lectivo começa, a amizade entre eles é colocada à prova, quando a sua relação é alvo de comentários depreciativos e preconceituosos por parte dos colegas.

Numa tentativa de evitar essas observações intrusivas e negativas, Léo afasta-se de Rémi mas, quando este desaparece, Léo aproxima-se da mãe de Rémi, Sophie.

Novo nas salas nacionais é o filme que abriu a Festa do Cinema Italiano, “L’Immensità – Por Amor”, de Emanuele Crialese.

Aqui, somos levados à Roma dos anos 70, onde Clara e Felice acabaram de se mudar para um novo apartamento.

O casamento deles acabou: já não se amam, mas também não podem separar-se.

Para mantê-los unidos, apenas os filhos sobre os quais Clara despeja todo o seu desejo de liberdade.

Fica a questão se esta será a decisão mais equilibrada para a família.

Nos papéis principais deste “L’Immensità – Por Amor” estão Penélope Cruz e Vincenzo Amato.