Destaque de Tiago Santos

King Khan é uma das mais misteriosas figuras dos últimos anos do mundo da musica alternativa. Nascido no submundo do garage, onde a soul, o rock e o psicadelismo de 60 se fundem para criar uma banda sonora explosiva para adolescentes de todas as idades, este indo-canadiano residente em Berlim e cidadão do cosmos, desdobra-se em múltiplos disfarces para assumir as suas paixões caleidoscópicas: a soul, o garage rock, o tarot, black power, bandas sonoras e agora o jazz

Tal como Sun Ra, que alterava o nome da sua Arkestra em função das diferentes energias, inspirações e formações que conduzia, também King Khan assume vários nomes mas é com os seus The Shrines que hoje é objecto de um culto fiel um pouco por todo o globo.

Com edição prevista para outubro, o mais recente disco de originais “The Infinite Ones” é antes de mais um tributo aos grandes mestres do jazz mais cósmico que inspiraram os 23 anos de carreira de King Khan como compositor. Sun Ra, Alice Coltrane, Roland Kirk, Miles Davis servem de rampa de lançamento deste disco apontado às estrelas como um foguetão.

Os históricos Marshall Allen ou Knoell Scott da Arkestra de Sun Ra, participam neste disco a atestar o valor espiritual do jazz de King Khan & The Shrines. Mas é também o cinema underground e a memória do som analógico num tempo do efémero, que se reflectem neste universo unico de intemporalidade, rumo ao desconhecido e para lá do planeta jazz, que se ouve e respira no excelente “The Infinite Ones”.