A histórica livraria do Porto apela aos dirigentes mundiais e à UNESCO para que tomem medidas que salvem estes “espaços de sobrevivência intelectual”.

A administração da livraria portuguesa Lello pede aos governos de todo o mundo “que tomem medidas para salvar estes espaços de sobrevivência intelectual”. Num momento decisivo para a sobrevivência destas casas devido à pandemia, a Livraria Lello deixa ainda um apelo à Unesco.

A administração da Livraria Lello lançou, na passada sexta-feira, dia 13 de novembro, uma carta aberta, dirigida aos líderes mundiais para que “tomem medidas excecionais para salvar” as livrarias: “Atrevemo-nos a pedir aos governos de todo o mundo que tomem medidas para salvar estes espaços de sobrevivência intelectual”.

No manifesto, a emblemática livraria do Porto defende que, tendo o presente contexto de crise mundial, este é o momento no qual “os governos podem fechar para sempre as livrarias, ou saber abri-las às novas formas de vida para combater a pandemia”.

De acordo com a Livraria Lello, “os governos sábios podem descobrir soluções”, mas caso não sejam tomadas medidas, vaticina-se o “início de um futuro romance distópico: ‘Quando reconquistámos as ruas da cidade já todas as livrarias tinham desaparecido'”.

Acreditando que “os verdadeiros estadistas não se limitam ao Twitter”, a livraria portuguesa lembra também que já foram implementadas medidas excepcionais, por alguns governos, que apoiaram de forma eficaz as livrarias em tempos de Covid-19, designadamente, o executivo belga, que “manteve abertas as livrarias durante a quarentena” e a ‘Maire de Paris’, que considerou os livros “bens de primeira necessidade”.

A Livraria Lello deixa ainda um apelo à Unesco, “para que veja o livro como um bem, simultaneamente, de primeira necessidade e um objeto em vias de extinção”.

Por fim, no texto apresentado nesta carta aberta, a livraria evoca a vencedora do Prémio Nobel da Literatura deste ano, a polaca Wislava Szimborska, garantindo que amanhã “não haverá livrarias nas cidades se não percebermos a mensagem” que a escritora deixa: “‘Quando escrevo a palavra futuro, as primeiras sílabas já pertencem ao passado'”.

https://www.livrarialello.pt/pt-pt/carta-aberta

Fonte: Lusa

Liliana Teixeira Lopes