Numa conversa telefónica ocorrida em fevereiro de 2017, e agora divulgada pela Billboard, ouve-se Bob Roux, presidente da secção de concertos norte-americanos da multinacional, a negociar com outro executivo a colocação de 88 mil bilhetes para a digressão dos Metallica em sites de revenda. O esquema visava alargar as margens de lucro, uma vez que neste mercado os bilhetes atingem valores bem mais avultados e até agora, fora do alcance dos artistas

Confrontada com as acusações, a Live Nation declarou que entre 2016 e 2017 terão sido vários os artistas que terão pedido para que parte dos bilhetes das suas digressões fosse directamente para o mercado de revenda. A empresa reiterou ainda que terão sido apenas cerca de uma dúzia de artistas entre milhares a fazer tal pedido, e que, desde então, a prática terá caído, com a Live Nation a incentivar artistas a adoptarem outras medidas para maximizarem o retorno. Assim, nos últimos dois anos, o preço de bilhetes para a frente de palco aumentou cerca de 30% – algo que não terá afectado a procura.

Apesar de a revenda de bilhetes não ser ilegal nos EUA, a lei local proíbe práticas injustas ou enganosas no exercício da actividade comercial. A revenda de bilhetes a preços significativamente mais altos que o valor original tem sido debatida e regulada em vários países do mundo. Nos EUA, o Presidente Obama aprovou em 2016 uma lei que proibia a utilização de bots para comprar grandes quantidades de bilhetes para espectáculos. A mesma medida foi, igualmente, aprovada no Canadá no ano seguinte e no parlamento britânico em 2018.

João Barros