A longa-metragem argelina "Papicha" e a curta portuguesa "Erva Daninha" venceram o FEST - Festival Novos Realizadores Novo Cinema.

A edição deste ano do FEST – Festival Novos Realizadores Novo Cinema abrangeu Espinho, Porto e Lisboa e é apontada como “das mais importantes” em 16 anos de evento.

Habitualmente realizado em junho, o festival que nasceu na cidade costeira do distrito de Aveiro teve este ano que alterar datas e formatos devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, perdeu salas tradicionais por essas estarem agora encerradas e realizou-se com menos público dada a ausência das centenas de visitantes estrangeiros que nos últimos anos vinham acompanhando presencialmente o certame.

Mesmo assim, o balanço de Filipe Pereira, diretor do festival é “extremamente positivo”.

Da seleção com mais de 230 obras dirigidas por realizadores com idades até aos 35 anos, o Lince de Ouro, para a melhor longa-metragem na categoria de ficção, foi atribuído a “Papicha”, de Mounia Meddour, sobre um grupo de raparigas que tenta organizar um desfile de moda na Argélia de 1997, controlada por grupos islâmicos que têm como prioridade a opressão das mulheres.

Também nas longas, mas ao nível do documentário, o júri premiou “Lovemobil”, da alemã Elke Margaret Lehenkrauss, cuja câmara percorreu as autoestradas do interior rural para revelar o universo de prostituição que se esconde nas caravanas conhecidas pelo nome que dá título ao filme.

O Grande Prémio Nacional, por sua vez, coube a “Erva Daninha”, a curta-metragem em que Guilherme Daniel conta a história de um casal que, ao cultivar um terreno aparentemente estéril, se depara com uma planta negra que começa a influenciar os seus comportamentos.

Já o Lince de Prata, para as melhores curtas da competição internacional, privilegiou quatro obras: em ficção, “Marshmellows”, do colombiano Duván Duque, sobre a fuga de uma jovem para um fim de semana de excessos quando o pai é acusado de corrupção; no documental, “Black Lagoon”, do peruano Felipe Esparza Pérez, sobre um curandeiro de montanha que valoriza a natureza enquanto espaço divino; em cinema de animação, “Acid Rain”, em que o polaco Tomel Popakul conta a viagem de uma jovem da Europa de Leste pós-industrial na sua descoberta da cultura “rave”; e, na categoria de experimental, “At the entrance of the night”, do francês Anton Bialas, com três histórias de emigração entre África e a Europa, e o espírito dos que desaparecem sem direito a enterro.

A edição de 2020 do FEST premiou ainda filmes de produção escolar, como acontece na secção NEXXT, que é dirigida a estudantes de cursos de cinema e na qual se destacou “Gravidade”, da boliviana Matisse Gonzalez.

Na rubrica FESTinha, para estudantes com menos de 10, 12 e 16 anos respetivamente, os vencedores foram: “Oeil pour oeil”, de seis meninos franceses; “A lantern in the night”, de seis meninas da mesma nacionalidade; e “Whales don’t swim”, do também francês Matthieu Ruyssen.

https://site.fest.pt/pt

Fonte: FEST – Festival Novos Realizadores, Novo Cinema

Liliana Teixeira Lopes