Um novo relatório mostra que, da mesma forma que os compositores têm recorrido à inteligência artificial, também temem a sua progressiva utilização. O maior receio é ficar sem trabalho.

Um novo relatório, realizado pela Goldmedia a pedido da GEMA (organização alemã que gere os direitos de autor dos artistas na Alemanha) e da SACEM (que o faz em França), mostra que a maioria dos músicos europeus tem medo do impacto da inteligência artificial.

35% dos membros destas duas organizações, questionados pela Goldmedia, admitiram ter recorrido à inteligência artificial nos seus trabalhos. No entanto, 71% teme o impacto que estas tecnologias possa vir a ter no seu trabalho – e na sua capacidade para ganhar a vida.

Na elaboração do relatório, foram conduzidas entrevistas com peritos e também um inquérito online. Quando aplicadas à música, o valor de mercado destas novas tecnologias, segundo o relatório, cifrou-se em 2023 nos 277 milhões de euros – 8% do total do valor de mercado da inteligência artificial.

Se a tendência de crescimento se verificar, em 2028 este valor pode subir para os 2,87 mil milhões de euros, o que significaria que 27% das receitas dos criadores humanos estaria em risco, com os compositores a serem substituídos pelas máquinas. O relatório afirma que “não existe um sistema remuneratório que tape este défice financeiro para os criadores”.

A esmagadora maioria dos inquiridos continua a querer ser creditada pelo seu trabalho, exigindo transparência. Quer que as empresas que trabalham nestas tecnologias divulguem os trabalhos artísticos aos quais recorreram para “treinar” os seus sistemas, e quer que as empresas divulguem que trabalhos foram realizados com recurso à inteligência artificial. 90% dos inquiridos acredita, também, que lhes deveria ser pedida permissão para que as suas obras sejam usadas nesses sistemas.

Entre aqueles que já recorrem à inteligência artificial na sua música, mais de 50% trabalham com música eletrónica, em rap e em música dita “urbana”, em música para anúncios, e menos de metade em “bibliotecas musicais” e na indústria do audiovisual.

Fonte: Blitz

Liliana Teixeira Lopes