A Academia Sueca entrega esta quinta-feira o prémios de este ano e também o do ano passado.

A Academia Sueca anuncia amanhã, quinta-feira, 10 de outubro, não um, mas dois vencedores do Nobel da Literatura: o de 2018 e o de 2019 -, isto depois de, no ano passado, o prémio ter sido suspenso, por causa de um escândalo que abalou a reputação da instituição e levou a várias demissões.

Em maio do ano passado, a Academia Sueca, responsável pela atribuição do Prémio Nobel da Literatura, fez saber que não iria atribuir o galardão nesse ano, por causa dos alegados abusos sexuais em que se encontravam envolvidos membros da instituição, responsáveis pela seleção do vencedor.

Na altura foi dito que o prémio respeitante a 2018 iria ser atribuído em 2019, apesar de ter chegado a ser considerada a possibilidade de o prémio só ser entregue em 2020, caso os problemas não fossem sanados antes da data da atribuição.

A polémica remonta a novembro de 2017, quando, entre a campanha de denúncias de abusos sexuais #MeToo, 18 mulheres revelaram, de forma anónima, no jornal diário Dagens Nyheter, abusos cometidos pelo dramaturgo Jean-Claude Arnault – ligado à academia através do seu clube literário e marido de um dos seus membros, Katarina Frostenson -, em instalações pertencentes à Academia Sueca.

Quando o escândalo surgiu, a Academia Sueca cortou a relação privilegiada que mantinha com o dramaturgo e pediu uma investigação externa, enquanto várias mulheres interpunham processos judiciais e o ministério público abria um inquérito, entre duras críticas do mundo cultural à instituição.

Várias divergências internas quanto às medidas a adotar surgiram então, desencadeando demissões, acusações e saídas de vários membros da academia, entre os quais a secretária permanente em exercício, Sara Danius.

Entretanto, os membros que continuavam a ocupar as suas cadeiras na academia decidiram divulgar os resultados da auditoria e entregá-los às autoridades. O relatório rejeitava que Arnault tivesse influenciado decisões sobre prémios e subsídios, apesar do apoio económico que recebeu ter violado as regras de imparcialidade, pelo facto de a sua mulher ser coproprietária da empresa que geria o clube literário, e confirmava que a confidencialidade sobre o vencedor do Nobel fora diversas vezes violada.

Em junho, Jean-Claude Arnault foi acusado de dupla violação de uma mulher, em 2011. Por esta altura, a Academia já tinha menos oito elementos de um total de 18 que compunham aquela instituição cultural, e a decisão de não atribuir o Prémio Nobel relativo a 2018 já tinha sido tomada e anunciada.

No mês seguinte, como forma de protesto ao cancelamento do prémio, um grupo de mais de cem figuras culturais suecas, que se intitulou de Nova Academia, uniu-se para criar a sua versão do Prémio Nobel da Literatura. O prémio alternativo distinguiu a escritora francesa Maryse Condé, em outubro.

Entretanto, a Academia Sueca elegeu novos elementos, conseguindo completar todos os lugares deixados vazios na sequência do escândalo. Agora, regularizada a situação, Anne Carson, Maryse Condé, Margaret Atwood e Haruki Murakami são alguns dos escritores apontados pelas casas de apostas como principais candidatos a um dos dois Prémio Nobel da Literatura, de 2018 e 2019, a atribuir amanhã, em Estocolmo.

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Fonte: Lusa

Liliana Teixeira Lopes