Uma canção que é transformada noutra. Direitos de autor que não são salvaguardados. Um conflito com a Disney. Esta é a história contada num documentário da Netflix.

Liliana Teixeira Lopes

“ReMastered” é uma série documental da Netflix que investiga alguns dos casos que não foram totalmente resolvidos no mundo da música.

O mais recente documentário desta série foi lançado em Portugal no passado mês de maio e segue a história de uma canção, criada por um artista sul-africano na década de 30 e que, mais de 20 anos depois, foi transformada num “hit” gigantesco, sem que o autor tenha sido “tido e achado”, ou tenha recebido qualquer compensação financeira.

Tudo começou com a canção “Mbube”, escrita por Solomon Linda, em 1920, e gravada por ele e pelo seu grupo The Evening Birds, na África do Sul, em 1939. “Mbube” significa leão na língua zulu.

“Mbube” tornou-se imediatamente num sucesso e Solomon Linda numa estrela em todo a África do Sul.

Em 1948 a canção vendeu aproximadamente 100.000 cópias em África e entre os imigrantes negros sul-Africanos na Grã-Bretanha e emprestou o seu nome para o estilo africano de “a cappella”.

Em 1961, o grupo norte-americano “The Tokens” resolveu transformar esta canção numa outra – “The Lion Sleeps Tonight” – que se torna num gigantesco sucesso mundial.

“The Lion Sleeps Tonight” gera lucros de 16 milhões de dólares, mas nenhuma parte deles reverte a favor do autor ou dos seus descendentes na África do Sul.

Um dos maiores exploradores da canção é a Disney que a inclui na banda sonora de “O Rei Leão”. Há aqui uma clara violação de direitos de autor.

Um jornalista sul-africano, Rian Malan, descobre os familiares de Solomon Linda e tenta ajudá-los a lutar por uma compensação justa. O litígio acaba por opor a gigante Disney contra a família do autor original… e é essa a história que é contada no documentário “ReMastered: The Lion’s Share”, da Netflix.