Mais de sessenta tradutores, escritores, editores e livreiros portugueses denunciam o uso de ferramentas de inteligência artificial em traduções pedindo medidas de regulação em defesa das obras e dos profissionais.

Um grupo de escritores, editores, professores, tradutores e livreiros, mais de sessenta, assina hoje uma carta aberta para pedir mais regulação e transparência no uso da Inteligência Artificial na área editorial.

Na carta divulgada no jornal Público, os subscritores alegam que a Inteligência Artificial usada nas traduções automáticas implica uma regressão na qualidade das obras.

“Esta política editorial é diretamente responsável por um empobrecimento real destes profissionais e pelo definhamento geral de editores e livreiros, além de prestar um mau serviço aos leitores, escritores, mas também, e acima de tudo, à língua portuguesa”, referem os subscritores da carta aberta publicada hoje no jornal Público.

O documento é assinado, entre outros, por Frederico Lourenço, historiador e tradutor; pelos escritores, Afonso Reis Cabral, Manuel Alegre, Luísa Costa Gomes, Richard Zenith, Dulce Maria Cardoso, Richard Zimler; pelos professores universitários e historiadores Diogo Ramada Curto e António Araújo (Fundação Francisco Manuel dos Santos) e por António Feijó, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian.

“A tradução feita de raiz a partir de programas de tradução automática implica uma inegável regressão na qualidade das obras. Nestas edições encontram-se erros ortográficos e gramaticais, mistura de acordos ortográficos, termos brasileiros e diversas incoerências idiomáticas”, acrescentam os subscritores.

Os nomes que firmam a carta aberta frisam que traduzir obriga a decisões e escolhas interpretativas altamente variáveis, cuja qualidade depende de conhecimento especializado, experiência e “de uma visão poética” sendo que as consequências são “lamentáveis” para os leitores.

Fonte: Público

Liliana Teixeira Lopes