A The Verge publicou um artigo em que alerta para os problemas crescentes resultantes de falhas nos metadados dos ficheiros de música, em plena era de consumo digital.

Entre os problemas enumerados estão as bases de dados distintas de cada serviço e plataforma, editoras e outras organizações necessárias ao pagamento de royalties, que não estão sincronizadas nem têm os seus esquemas de dados devidamente uniformizados; também a falta de verificação da informação de cada faixa e, ainda, questões técnicas relacionadas com a manutenção desta informação nos ficheiros em processos de carregamento com certas distribuidoras. Isto, claro, além de problemas mais óbvios como erros ortográficos que originam atribuições erradas.

Estimativas mencionadas no texto, como a da SongTrust, indicam que todos os anos as perdas de pagamentos de direitos de autor relacionadas com metadados situa-se numa ordem superior a mil milhões de dólares. Outras estimativas apontam para que cerca de 25% destes valores não sejam pagos ou sejam entregues a entidades erradas. No que respeita a artistas independentes, a publicação refere um caso específico de um artista que perdeu 40 mil dólares por problemas relacionados com a sincronização de duas bases de dados, que o removeram dos metadados do seu trabalho. Em temas com múltiplos detentores de direitos sobre a obra, a atribuição é ainda mais problemática, impondo a necessidade de uma uniformização dos sistemas utilizados actualmente.

A ideia de uma base de dados centralizada que contenha esta informação tem sido apresentada como uma possível solução para o problema, mas tem encontrado resistência por parte de algumas organizações ao longo dos anos. Também a tecnologia blockchain tem sido utilizada por algumas startups neste sentido, diminuindo a cadeia de pagamentos de direitos de autor no universo digital, algo que depende invariavelmente de metadados. Contudo, esta visão está para já praticamente limitada a circuitos independentes. No entanto, de acordo com o artigo, a uniformização da informação de atribuição entre as várias partes deverá ser o objectivo a alcançar – sobretudo numa era em que se passou de 100 mil álbuns editados por ano, para 25 mil canções carregadas diariamente para a Internet.

João Barros